9 de fevereiro de 2012
My Only Exception - We Are Broken (Capítulo 1)
Meridian, Mississippi, 6:45 AM
Hayley abria aos poucos seus olhos, enquanto uma vontade enorme de pegar seu celular que despertava, e jogá-lo na parede a possuía...a única coisa que a impediu de fazer isso, foi saber que não adiantaria mais nada, ela já havia acordado e sabia que teria que levantar da cama e enfrentar mais um dia terrível no inferno, vulgo colégio. Devagar, ela levantou esfregando as mãos aos olhos e se dirigiu ao banheiro. Trinta minutos se passaram e ela terminou seu banho e já estava se trocando. Vestiu uma calça jeans básica e uma camiseta da Jimmy Eat World, sua banda favorita, e calçou seus pequenos all stars. Penteou seus belos cabelos ruivos -na verdade eram muito vermelhos-, vestiu seu casaco e pegou sua mochila. Estava agora, descendo a escada, quando para de repente ao ouvir gritos vindos do quarto de seus pais. Hayley sobe correndo as escadas e vai até a porta do quarto de Christie e Joey, chegando lá ela se depara com a porta fechada, mas não abre e muito menos bate, sim, ela fica ali parada tentando decifrar o que eles gritam lá dentro. Hayley já estava acostumada com as discussões, quase diárias, de seus pais, mas não como esta, onde eles gritavam muito um com o outro, e a essa hora da manhã, definitivamente, isso nunca tinha acontecido, não que ela soubesse pelo menos.
– Eu disse Joey, mais uma vez eu não aceitaria, e eu não vou aceitar! -Christie gritava alto.
– Você diz isso, como se algum dia tivesse aceitado isso de verdade. Você nunca me perdoou Christie, essa é a verdade. Desde que você descobriu, nunca mais você foi a mesma comigo! Você sempre joga Erica na minha cara, faz questão de lembrar disso, você é louca Christie, você é uma louca possessiva! -Joey respondia no mesmo tom.
– É porque uma traição não é fácil de esquecer Joey, e uma filha fora do casamento muito menos! -Christie berrava.
Hayley gelou ao ouvir essas palavras, ela não estava acreditando no que sua mãe acabava de pronunciar...Como assim seu pai havia traído sua mãe?...e como assim, uma filha fora do casamento?...UMA FILHA?
Hayley estava estática, sem reação alguma, já nem ao menos prestava atenção nos gritos de seus pais, que continuavam a discutir. Ela, simplesmente, começou a descer as escadas, quase que com movimentos involuntários. Ela já havia escutado demais, e continuava sem entender nada, mas sabia que não poderia fazer nada, e que tinha que parar de ouvir atrás da porta e deixar os dois sozinhos.
Assim que saiu de sua casa, Hayley andava até o colégio, perdida em seus pensamentos. Tentava entender o que tinha ouvido...como seu pai tinha tido outra filha? Ela estava completamente em choque, e não acreditava que tinha uma irmã. Talvez isso explicasse a infelicidade de sua mãe, explicasse as discussões diárias que seus pais vem tendo há alguns anos...sim, Hayley sabia que o casamento de seus pais não era mais feliz, mas ela nunca imaginou que seu pai fosse capaz de trair sua mãe, a mulher que ele disse tantas vezes que amava, e muito menos, que ele tivesse uma filha com outra.
Hayley ainda pensou por alguns instantes, que pudesse ter entendido errado, que aquilo não fosse verdade, mas logo caiu em si e viu que esse fato, se encaixava e explicava muitas coisas.
Sentia-se enganada pelos próprios pais, como eles puderam esconder uma coisa dessas dela?
Hayley poderia continuar perdida em seus pensamentos, tentando decifrar tudo, se não fosse o fato de estar adentrando os portões do colégio e ter que se dirigir para à aula de Inglês.
Quando entrou na sala, já havia alguns alunos, mas ela não se deu ao trabalho de cumprimentar alguém, Hayley não tinha amigos ali, na verdade, só tinha um amigo, mas ele foi embora para Nashville há alguns meses. Quase todos naquele colégio não falavam com ela, e não pode-se negar o fato, de que Hayley sofria bulling desde que começou a estudar ali.
Hayley já estava na última aula, era de matemática, e assim como nas outras, ela não conseguia prestar atenção em nada, pois seu pensamento ainda estava no acontecido pela manhã. Ela estava ignorando todas as piadas que seus colegas faziam sobre ela, seja pela sua altura, cor do cabelo, gosto musical e afins. Hayley não costumava ignorar isso, ela tinha personalidade forte e não aguentava levar desaforo para casa, muitas vezes até se meteu em brigas e levou suspenções e advertências. Só não foi expulsa ainda, porque na certa, o diretor sabia que ela tinha seus motivos para fazer isso e que ela que era a vítima na verdade, por mais que não parecesse às vezes. Mas hoje Hayley não estava com cabeça para sair no tapa com alguém ou ao menos discutir. Ela só queria que as aulas acabassem logo, para poder ir para casa e entender melhor o que tinha ouvido, ou como ela ainda tinha esperança, chegar em casa e descobrir que entendeu tudo errado e que tudo não passou de um grande engano.
O sinal mal acabava de tocar e Hayley já estava do lado de fora do colégio, indo em direção à sua casa, que fica há cerca de 5 quadras dalí. Andou todo o caminho pensando no que faria quando chegasse em casa, em como estariam as coisas entre seu pai e sua mãe.
Hayley chegou mais calma, apesar de ainda estar com raiva de sempre ser a última a saber das coisas. Abriu a porta e foi direto á escada para subir até seu quarto, e teria feito isso, se não fosse uma voz masculina chamando-a.
– Hey filha, eu e sua mãe precisamos conversar com você. - disse Joey
Hayley apenas ignorou e continuou subindo as escadas.
– Hayley Nichole Williams, você não ouviu? Queremos conversar com você. Desça até aqui agora! - Christie disse, repreendendo sua filha.
Hayley parou, suspirou e desceu a escada e irônica e calmamente -lê-se fingindo estar calma- disse:
– Ok, agora vocês querem conversar? Engraçado, quando eu ganhei uma irmã, ninguém quis conversar comigo!
Christie e Joey se olharam assustados, e disseram ao mesmo tempo:
– De que você está falando?
– Ora, por favor, não se façam de desentendidos, não acham que eu já sou velha o suficiente para saber da verdade?
Joey pensou que o melhor a fazer, era não tocar nesse assunto, pois dava para ver a revolta da filha nesse momento, e além do mais ele não teria coragem de falar sobre isso com ela.
– Então já que você já é velha o suficiente, que tal sentar-se para ouvir o que eu e sua mãe temos para lhe falar? -Joey disse, com uma cara nem um pouco amigável.
– O que o senhor vai me dizer? Vai dizer que traiu a minha mãe? Dizer que teve uma filha fora do casamento e que agora vai nos abandonar pra ficar com elas? É isso? -Hayley gritou e começou a chorar.
Nesse momento, Christie abraçou a filha e Joey observou a cena assustado, sem saber o que fazer. Ele sabia que o que tinha feito com Christie foi errado e que ter escondido de Hayley que ela tem uma irmã há 3 anos, foi pior ainda.
– Filha, não chora meu anjo, tudo vai ficar bem, eu prometo. -Disse Christie, tentando acalmar Hayley.
– Acho melhor dizermos logo o que decidimos, Christie.
– Vocês vão se separar, não é? Eu não sou mais criança , eu vou entender. -Disse Hayley já mais calma.
– Isso será o melhor filha, eu e sua mãe não nos amamos mais...
– Nós vamos pro Tennessee filha. - Cristie disse, com um pouco de receio.
– Hã? Como assim? Nós? -Hayley disse assustada.
– Eu e você meu amor, vamos nos mudar para lá, eu e seu pai já decidimos.
– Vocês decidem isso sozinhos, é isso? O que você pensa disso pai, o que?
– Filha, entenda, por mais que eu saiba que ficar longe de você, irá me machucar muito, isso será o melhor para todos, não há porque insistir mais...Agora se você quiser morar comigo, eu irei ficar extremamente feliz.
P.O.V HAYLEY
Eu sabia, que a separação poderia acontecer, e de certa forma, eu já esperava isso. Mas, ir embora de Meridian, ir embora do lugar onde nasci e vivo a 15 anos, esse fato me assustava. Porém, eu sabia também que não poderia deixar minha mãe sozinha, porque quando meu pai disse "nós não nos amamos mais", com certeza, ele não estava falando pela minha mãe. Minha mãe aguentou anos convivendo com o fato de que meu pai tinha uma filha com outra mulher, ela perdoou uma traição, ela realmente deveria o amar muito para ter feito isso. Então, eu disse que iria com minha mãe, e meu pai não ficou surpreso com minha resposta. Depois que eu disse isso, meu pai falou mais algumas coisas, disse que ficaria num hotel até irmos e tudo mais, e saiu.
Assim que meu pai saiu, e eu fiquei sozinha em casa com minha mãe, eu disse à ela que gostaria de saber da história de que eu tinha uma irmã, e o que tinha acontecido, claro, só se falar sobre isso para mim, não a fizesse sofrer ainda mais.
Acho que ela entendeu que eu realmente precisava de uma explicação e eu necessitava entender tudo o que tinha acontecido, então ela me contou toda a história, deixando lágrimas caírem algumas vezes.
Depois da conversa que tive com minha mãe, descobri que minha irmã já tinha três anos e que o nome dela é Erica, e que a mãe dela era uma antiga namorada do meu pai, Jennifer, com quem ele voltou a se envolver durante o casamento, e traiu minha mãe. Minha mãe me disse também que só perdoou meu pai porque ela o amava -para mim, ainda ama- muito e porque ele disse que estava realmente arrependido.
Minha mãe concordou com o meu pai, na decisão de não me contar nada, até que eu ficasse mais velha e não fizesse um escândalo por causa disso. Fiquei sabendo também que a gota d'água para minha mãe, foi saber que meu pai havia tido uma recaída com Jennifer, ele tinha acabado de chegar em casa, na hora que ouvi os dois discutindo no quarto.
Minha mãe disse, chorando, que acha que meu pai é apaixonado por esta mulher, e que viu que a única coisa melhor a ser feita, era pedir a separação.
Minha mãe sabia que não suportaria ver meu pai vivendo com outra mulher, com outra filha. Deve ser por isso que ela resolveu, que iriamos embora para outro estado.
Eu sabia que viver longe de meu pai, me deixaria muito triste. Mas, assim como minha mãe, eu acho que não aguentaria vê-lo vivendo com outra, e tratando outra garota como filha- garota que eu não tinha vontade alguma de conhecer-.
Minha vida aqui em Meridian, foi muito feliz durante longos anos, tirando o colégio que eu detestava e tudo mais. Meus pais sempre foram muito carinhosos comigo, sempre compreenderam esse meu jeito, não quiseram me matar quando eu apareci em casa, com o cabelo pintado de vermelho mais forte que sangue. Não dava para negar, que eu tive uma vida feliz aqui. Sei que meu pai amou minha mãe, e dentre esse tempo ela também foi feliz, mas ultimamente, ninguém estava realmente feliz, eles não estavam, por terem um casamento de fachada, eu claro, também não estava nenhum pouco feliz, vendo os dois tristes e discutindo todos os dias.
Eu sempre ignorei o fato de ter tido apenas um amigo, Jerm, porque minha família me fazia feliz. Mas de uns anos para cá, eu realmente estou muito deprimida, não faço mais nada, além de ficar em casa trancada no quarto ouvindo e tocando músicas, depois que chego do colégio.
Talvez, ir embora, começar outra vida em um lugar diferente, me ajudasse a reorganizar as coisas. E quanto ao fato de não ver meu pai mais todos os dias, isso me faria muita falta. Por mais que ele tivesse feito coisas horríveis para minha mãe, e agora ela estivesse sofrendo muito, eu não podia negar, que ele sempre foi um pai maravilhoso, e que eu o amo muito. Mas talvez agora, fosse a hora de deixar minha "irmã" tê-lo presente na vida dela, já eu tive-o por 15 anos na minha, e ela apenas recebia visitas semanais.
Eu não sabia como seria daqui para frente, mas eu estava disposta a tentar, estava disposta a ajudar minha mãe a construir uma vida nova, no Tennessee. Quem sabe, eu não seria mais feliz lá.
Autora: Verônica Alves